sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ameaça ronda o Vaticano


Anjos e Demônios, com Tom Hanks, e Che, com Rodrigo Santoro, são os destaques das estreias de hoje no Estado.

Tom Hanks levanta-se quando o repórter entra na suíte do Hotel Saint Regis para a entrevista individual. Ele é ainda mais alto do que parece na tela. O repórter recua.

– What? (O quê?) – ele pergunta.

– Você é intimidador – brinco.

Ele diz:

– Not at all (De maneira nenhuma).

O clima está criado para falar sobre Anjos e Demônios, filme que estreia hoje em SC. Adaptado do best seller de Dan Brown (O Código Da Vinci) teve sua première mundial em Roma, no dia 4 de maio. A capital italiana foi escolhida por ser o cenário quase único do filme. Com exceção de uma cena supostamente passada em Harvard e outra num laboratório em Genebra, Anjos e Demônios passa-se num perímetro de quatro igrejas que traçam uma cruz ao redor do Vaticano.

O papa morreu, o trono de São Pedro está vacante, os cardeais iniciaram o conclave. E é neste quadro que Robert Langdon (Hanks) é convocado para ajudar a resolver um enigma. Os “illuminatti” (quem são eles?) sequestraram quatro cardeais – os favoritos –, que ameaçam matar, um a cada hora, culminando com a explosão de um recipiente de antimatéria que vai dissolver o Vaticano num feixe de luz.

Embora escrito antes de O Código..., Anjos e Demônios passa-se depois. Não apenas o astro, mas o diretor Ron Howard é o mesmo do outro filme. Anjos e Demônios pode ser contestado, com certeza, mas como realização – como ato de contar uma história – é bem melhor do que o filme anterior. É o que você poderá confirmar quando Anjos e Demônios desembarcar nos cinemas brasileiros.

Pergunta – O primeiro filme foi massacrado pelos críticos, mas foi um megasucesso de público. Esse é melhor como cinema, mas a receptividade talvez não seja muito melhor. O que você pensa disso?

Tom Hanks – É normal. O livro de Dan Brown é um dos maiores, senão o maior sucesso editorial da história. E ele trata de assuntos polêmicos. Lá, era a descendência de Cristo, aqui a relação entre ciência e religião. Ron (o diretor Howard) e os roteiristas tomaram mais liberdades em relação a esse segundo filme, inclusive fazendo com que a história se passe depois. Mas a própria história de Anjos e Demônios é narrada de forma mais cinematográfica no título. Essa mistura de realidade e fantasia atrai as pessoas.

Pergunta – Há mais de 20 anos você e Ron Howard trabalham juntos e em parcerias muito bem-sucedidas. Splash – Uma Sereia em Minha Vida, Apollo 13, O Código Da Vinci e, agora, Anjos e Demônios. O sucesso desses filmes faz de vocês figuras cada vez mais poderosas em Hollywood. Como você avalia a relação com Ron?

Hanks – Ron vive o cinema com intensidade. Ele está nesse meio desde criança, como ator, virou diretor e obteve reconhecimento, mas cada vez que o reencontro é como se fosse para fazer um primeiro filme. Por mais confiante que sejamos, nesse negócio não existem fórmulas absolutas. Cada filme carrega sempre riscos. Colocamos todo nosso profissionalismo, nos cercamos de valores seguros, mas quem garante que Anjos e Demônios fará mais ou menos sucesso do que O Código? Gostaria de acreditar que sim, porque esse filme me parece melhor, mesmo que ainda não o tenha visto inteiro.

Pergunta – No Código Da Vinci, Audrey Tautou era sua adorável parceira, com sua sexualidade meio infantil, o que somado ao fato de ser a descendente de Jesus explicava uma certa aura de inocência e dava o motivo de vocês não irem para a cama. Mas agora você contracena com Ayelet Zurer, um mulherão. Não é frustrante que o filme, ao contrário do livro, não tenha um pouco de romance?

Hanks – Adaptar um livro é sempre complicado, porque é preciso fazer escolhas. Tentamos encaixar cenas de romance e sexo, mas é complicado. Como na vida, essas coisas exigem tempo. E, ao mesmo tempo, frustrar um pouco a expectativa do público talvez seja interessante. Todo mundo espera, porque é um clichê do cinema, que Robert e Vittoria (Ayelet), tenham um caso. Não creio que o filme se ressinta disso.

Pergunta – Mas se houver um terceiro filme da série, como parece que haverá, você terá de ir para a cama com não importa quem. Frustrar o público pela terceira vez pode ser perigoso...

Hanks – Já tentamos extrair detalhes do novo livro de Dan (Brown). Jantamos juntos, mas quando o assunto cai no livro, ele se fecha e pede para esperarmos até setembro, quando The Last Sygn será lançado. A única coisa que ele disse é que a história se passa em 12 horas. Mas vou levar sua solicitação ao diretor. Uma cena de cama para Robert Langdon, por favor.

Pergunta – Houve uma reação muito mais negativa da Igreja ao Código do que a Anjos e Demônios. Mas recentemente um cardeal declarou à agência Ansa que o filme é anticatólico...

Hanks – A Igreja não colaborou com a realização de Anjos e Demônios e talvez tenha sido melhor assim. O Código Da Vinci podia ir contra muitos dogmas, mas tenho certeza de que, no limite, o saldo foi positivo. Foi o que nos disseram os teólogos e padres que aceitaram colaborar conosco, porque precisávamos de especialistas. Não fizemos O Código contra a Igreja nem contra a Opus Dei. No final, mais gente se interessou pela Opus, inscreveu-se em suas faculdades e os fiéis continuam indo à missa. O fato de levantarmos questões pode ser estimulante. As pessoas precisam pensar mais sobre sua fé. Aqui, elas vão pensar sobre ciência e religião, que não são excludentes. O mundo mudou.

Fonte: clicrbs.com.

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